06 maio Dossiê do sódio
Utilizado na culinária para realçar o sabor das refeições e conservar os alimentos, o sal tem sido considerado o vilão da alimentação saudável. O principal motivo dessa visão negativa é a presença do sódio em sua composição – um elemento químico associado ao aumento da pressão arterial, doenças cardiovasculares, insuficiência renal e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
O que muitas pessoas desconhecem é que o sódio é essencial para o bom funcionamento do organismo. Além de ser responsável pelo equilíbrio hídrico do corpo, ele participa dos impulsos nervosos, contração muscular e transporte de moléculas entre as células. “Trata-se de um nutriente importante que participa de diversas funções no organismo, entre elas garantir o funcionamento adequado das membranas celulares e dos nervos”, explica Camila Marcucci Garcia, nutricionista da Sociedade de Cardiologia de São Paulo.
Mas os riscos surgem quando se consome o elemento em excesso. Ao circular pelo corpo, o sódio retém a água e aumenta o volume de sangue circulante. Como as artérias não estão acostumadas a abrir passagem para essa grande quantidade de líquido, aumenta-se a pressão exercida nas paredes dos vasos sanguíneos. “Com o tempo, a pressão alta pode danificar as artérias de órgãos vitais, como coração, cérebro e rins. Daí cresce o risco de infarto, derrame e insuficiência renal crônica”, explica o nutrólogo Paulo Henkin, da Associação Brasileira de Nutrologia.
Perigo invisível
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que cada pessoa consuma, no máximo, 2,3 gramas de sódio diariamente – equivalente a uma colher de chá. Contudo, segundo o portal IG Saúde, diversos estudos analisaram que o brasileiro ingere em média 4,7 gramas por dia, duas vezes mais do que o recomendado.
E não é apenas o excesso de sal que colocamos na batata frita que causa danos à saúde. O perigo real está nos alimentos industrializados que são carregados de sódio. De acordo com a Clínica Mayo, escola americana de educação e pesquisa, 77% do sódio ingerido vêm dos molhos, produtos embutidos e em conserva, além de salgadinhos e refrigerantes. “Consumindo alimentos naturais, já suprimos a cota necessária de sal para manter o bom funcionamento do organismo”, diz o cardiologista Celso Amodeo, do Hospital do Coração (SP), à revista Saúde.
A melhor maneira de descobrir quanto sódio você está ingerindo diariamente é observar os rótulos das embalagens. Em entrevista ao Portal G1, a nutricionista Ana Cláudia Cardoso sugere um cálculo simples para saber se o alimento possui excesso de sódio. “É preciso olhar o rótulo do alimento e comparar o que está presente por porção em porcentagem e o que é a recomendação diária, indicada pela sigla VD. Se a quantidade de sódio for superior a 400 mg em 100 g do alimento, este é considerado um alimento rico em sódio, sendo prejudicial à saúde”, conta.
Substituição inteligente
Manter alguns hábitos saudáveis na cozinha pode auxiliar a minimizar a presença do sódio em sua dieta. Uma das principais dicas é substituir os temperos prontos e caldos concentrados (ricos em sódio) por ervas desidratadas, temperos naturais e pimenta. Esses ingredientes realçam o sabor dos alimentos, diminuindo a necessidade do sal.
Existem ainda diversas opções para quem não abre mão de uma comida mais salgada. O sal light, por exemplo, contém metade da quantidade de sódio encontrada no produto branco refinado. Já o conhecido como Rosa do Himalaia fornece mais de 80 minerais e também possui metade do sódio encontrado no sal comum. Só não vale exagerar!
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