30 jun Disbiose: Como está sua flora intestinal?
O intestino, órgão responsável pela reabsorção de água e nutrientes e eliminação de resíduos, é considerado nosso segundo cérebro, tendo em vista seu importante papel no equilíbrio orgânico e regulação do metabolismo. Além das suas funções primárias já citadas, é responsável pela produção de grande parte da serotonina (hormônio do prazer e bem estar), de algumas vitaminas e contribui significativamente para a defesa
imunológica do organismo.
Sendo assim, seu desequilíbrio traz prejuízos a saúde de forma muito abrangente.
A alteração da função intestinal mais comum encontrada na população hoje em dia chama-se Disbiose e deriva das mudanças alimentares da vida moderna.
Observa-se nas últimas décadas uma desqualificação alimentar da população e um empobrecimento nutricional dos alimentos, e paralelamente a este quadro, nosso organismo sofreu diversas modificações, passando a exigir uma maior dose de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados pela poluição ambiental, estresse físico e emocional, maior consumo de alimentos industrializados e não naturais, fumo, sedentarismo, alcoolismo e utilização de agrotóxicos na agricultura.
Todas estas modificações fizeram com que a microbiota intestina (bactérias que habitam o nosso trato gastrointestinal) entrassem em desequilíbrio, ou seja, a microbita probiótica (benéfica) diminuiu e a microbiota patogênica (com potencial nocivo) aumentou. Esse desequilíbrio do ecossistema microbiológico é chamado de Disbiose intestinal, quadro que acarreta em alterações inflamatórias e imunológicas, provocando alguns sintomas como diarreia, dor abdominal, flatulência e constipação, além de infecções do trato genito-urinário, doenças inflamatórias intestinais, intolerâncias alimentares e piora da imunidade.
Agravando o quadro, o desequilíbrio da flora intestinal pode comprometer a integridade da mucosa intestinal, gerando uma permeabilidade que leva a colonização do organismo por germes patogênicos. Portanto, pode levar a processos patológicos não diretamente intestinais, mas ligados a quadros inflamatórios e imunológicos do organismo como um todo.
A reversão deste quadro é dependente primordialmente do comportamento alimentar. Assim, para garantir o crescimento e reprodução das bactérias benéficas é necessário que elas encontrem os substratos ideais, ou seja, fibras solúveis, insolúveis, amido resistente e oligossacarídeos. A fermentação desses componentes alimentares no intestino causam alterações significativas na composição da microbiota. Além disso, com a fermentação desses componentes alimentares pelas bactérias probióticas, há a produção local de ácidos graxos de cadeia curta(AGCC), que atuam na regulação do metabolismo de lipídios e glicose no fígado e ainda, fornecem energia às células intestinais. Além da produção de AGCC, há produção de ácido lático e gases, com consequente redução do pH intestinal e estimulação da proliferação de células do intestino.
Fibras solúveis, insolúveis, amido resistente e oligossacarídios estão naturalmente presentes em alimentos de origem vegetal, como cebola, alho, tomate, banana, cevada, aveia, trigo, mel, talos, raízes, folhas e sementes de diversos vegetais. Agora, será que a população brasileira consome pelo menos o mínimo recomendado de frutas e verduras? Dessa forma, será que o intestino da maioria da população está realmente saudável? Para quem não sabe por onde começar, a substituição de alimentos industrializados por frutas e verduras já é um grande pontapé inicial para a obtenção de um intestino saudável. A redução de outros “agressores” da flora benéfica também é importante, como açúcar, farinha branca, carne gorda, leite e derivados e embutidos.
Outras intervenções também podem ser feitas para acelerar a recuperação do intestino, como uso de suplementos de probióticos, L-glutamina, etc, porém com supervisão de um nutricionista.