31 jan O que é e como tratar a disbiose
A má alimentação, aliada a diversos fatores ambientais, como a poluição das grandes cidades e o estresse do dia a dia, tem influenciado no aumento dos casos de disbiose. A nutricionista da Swimex, Juliana Pegorer dos Santos Molina, explica o que é essa doença e como tratá-la.
O intestino, muitas vezes, é relegado, não damos a atenção necessária a esse órgão tão importante para o controle do nosso organismo. Alguns médicos chegam a considerá-lo nosso segundo cérebro, pois além de ele ser responsável pela reabsorção de água e nutrientes e pela eliminação de resíduos, é também responsável pela produção de grande parte da serotonina (hormônio do prazer e bem-estar) e de algumas vitaminas e também contribui significativamente para a nossa defesa imunológica.
Sendo assim, qualquer desequilíbrio traz prejuízos à saúde de forma muito abrangente. A alteração da função intestinal mais comum encontrada na população hoje em dia chama-se disbiose e deriva das mudanças alimentares da vida moderna.
Observa-se, nas últimas décadas, uma desqualificação alimentar da população e um empobrecimento nutricional dos alimentos. Paralelamente a esse quadro, nosso organismo sofreu diversas modificações, passando a exigir uma maior dose de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados pela poluição ambiental, estresse físico e emocional, maior consumo de alimentos industrializados, fumo, sedentarismo, alcoolismo e utilização de agrotóxicos na agricultura.
A combinação desses fatores trouxe diversos prejuízos a nosso organismo, dentre eles, a disbiose. A doença é causada pelo desequilíbrio da flora intestinal, que pode acarretar alterações inflamatórias e imunológicas, provocando alguns sintomas, como: diarreia, dor abdominal, flatulência e constipação, além de infecções do trato genito-urinário, doenças inflamatórias intestinais, intolerâncias alimentares e piora da imunidade.
O agravamento do quadro pode comprometer a integridade da mucosa intestinal, gerando uma permeabilidade que leva à colonização do organismo por germes patogênicos. Portanto, pode levar a processos patológicos não diretamente intestinais, mas ligados a quadros inflamatórios e imunológicos do organismo como um todo.
O tratamento é feito, sobretudo, por meio da alimentação correta do paciente, o qual deve ingerir alimentos que garantam o crescimento e a reprodução das bactérias benéficas ao intestino. É recomendada a inclusão de fibras solúveis, insolúveis, amido resistente e oligossacarídeos na dieta, encontrados nos alimentos de origem vegetal, como a cebola, a banana, talos, raízes, folhas e sementes de diversos vegetais.
A fermentação desses componentes alimentares no intestino causam alterações significativas na composição da microbiota, estimulando a produção local de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que atuam na regulação do metabolismo de lipídios e glicose no fígado e fornecem energia às células intestinais. Além disso, reduz o pH intestinal e estimula a proliferação de células do intestino.
Outras intervenções também podem ser feitas para acelerar a recuperação do intestino, como uso de suplementos de probióticos, L-glutamina, entre outros. Mas devem ser realizadas apenas com a supervisão de um nutricionista.
O aumento dos casos de disbiose alerta-nos para a má alimentação da população brasileira, que não consegue consumir o mínimo recomendado de frutas e verduras. Dessa forma, será que o intestino da maioria da população está realmente saudável?
Para quem não sabe por onde começar, a substituição de alimentos industrializados por frutas e verduras já é um grande pontapé inicial para a obtenção de um intestino saudável. Também é possível reduzir o consumo de alimentos “agressores”, como o açúcar, a farinha branca, a carne gorda, o leite e derivados e embutidos.