06 out 30 dias sem álcool: ciência aponta os benefícios

“Outubro Sóbrio”, “Janeiro Seco” e “Julho Seco”… Durante um trimestre de ano, essas campanhas motivam as pessoas a se unirem e desafiarem a si mesmas a ficar sem álcool.

Não é surpresa que esses períodos para reduzir o consumo de álcool estejam se tornando mais populares, pois eles levam as pessoas a avaliarem a relação que o álcool desempenha em suas vidas.

Quanto é muito? Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, classificam o consumo moderado de duas bebidas ou menos em um dia para homens e uma bebida ou menos para mulheres. Mas dois terços dos consumidores adultos relatam beber mais do que esses níveis pelo menos uma vez por mês, de acordo com o CDC.

E a pandemia não ajudou. Um estudo de dezembro de 2020 apontou que 60% dos entrevistados aumentaram o consumo de álcool ao longo do ano e mais de um terço disse que se envolveu em compulsão, que é definido como cinco ou mais bebidas em uma ocasião para homens e quatro para mulheres.

Estudos mostram que o álcool não é bom para uma vida saudável. Não há quantidade segura quando se trata de saúde do coração, de acordo com a Federação Mundial do Coração. E mesmo o consumo moderado reservado para o fim de semana pode ter impactos sociais, emocionais e psicológicos, de acordo com um estudo de 2022.

“Outubro Sóbrio” pode ser um passo para cortar totalmente o álcool, mas não precisa ser, disse o psicólogo biológico Aaron White, consultor científico sênior do diretor do Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo.

Seja qual for o seu nível de ingestão de bebida, um desafio de sobriedade de um mês pode ajudá-lo a ficar mais atento ao seu consumo, acrescentou White.

Quem se beneficia?

Você pode pensar que não precisa de uma pausa na bebida porque não apresenta sinais de transtorno de abuso de substâncias: seu consumo está causando sérios danos, problemas de saúde, deficiência ou problemas no cumprimento de responsabilidades.

Mas beber de maneira problemática é um espectro – não apenas um binário entre viciado e bom. Você pode beber um pouco, mas não se sentir bem sobre por que ou como bebe. Você pode beber muito, mas sente que isso funciona bem em sua vida.

Mesmo as pessoas que não bebem muito podem ter menos controle sobre quando e quanto bebem do que gostariam.

Aceitar um desafio de sobriedade não significa que você tenha que parar para sempre, mas pode ajudá-lo a ser mais ponderado em suas decisões sobre beber, em vez de fazê-lo porque é o que você costuma fazer.

Como isso ajuda?

Mesmo em apenas um mês, há evidências de que o consumo reduzido de álcool pode ser bom para sua saúde física.

“A maioria das pessoas que bebem excessivamente tem fígado gordo”, disse White. “Mesmo uma pausa de um mês é suficiente para reduzir as enzimas hepáticas e para que seu fígado pareça mais saudável”.

Algumas pessoas também podem achar que com menos ou nenhum álcool dormem melhor e fazem melhores escolhas alimentares para si mesmas.

E para a saúde emocional, um desafio de curto prazo pode apontar sentimentos e rotinas que podem ser melhorados.

A escritora incentiva as pessoas que estão usando um desafio de sobriedade a observar quando sentem vontade de beber e para que isso serve. Faz você se sentir parte de uma comunidade para compartilhar uma bebida em uma festa? Essa taça de vinho depois de um longo dia é uma sensação confiável de conforto?

Talvez a bebida seja uma maneira fácil – mas não a melhor – de atender a essas necessidades. Tomar nota e tentar encontrar essas coisas sem uma bebida pode abrir novas maneiras de satisfazer esses sentimentos.

Como ter sucesso no desafio

Há alguns obstáculos para enfrentar durante um mês sóbrio. Uma delas é superar o desejo de beber, e os especialistas citaram abordagens diferentes para resolver esse problema.

Reduzir o consumo de álcool pode ter um efeito semelhante ao da dieta – quanto mais você diz a si mesmo que não pode tê-lo, mais deseja, disse Natalie Mokari, nutricionista em Charlotte, na Carolina do Norte.

Ela recomenda começar com uma bebida a menos do que você normalmente tomaria em cada ocasião ou quebrar um hábito diário limitando a bebida a determinados dias. Você também pode tomar uma água com gás entre as bebidas ou fazer coquetéis mais fracos do que o normal para reduzir o consumo de álcool, disse ela.

White disse que é importante não sentir vergonha se você acabar bebendo durante o desafio da sobriedade. Não jogue fora toda a experiência por causa de uma taça de vinho, acrescentou.

Annie recomendou seguir com curiosidade e informação. Aprender mais sobre a psicologia e a biologia do álcool realmente ajudou a reduzir seu desejo de beber, disse ela, e abordar seus impulsos com curiosidade em vez de julgamento permitiu que ela aprendesse mais sobre o papel que o álcool desempenhou em sua vida.

Há também pressão social para beber. Como você não bebe quando todo mundo bebe? Especialmente se os amigos ficam desconfortáveis ​​quando não te veem com a cerveja que você sempre bebe?

A primeira coisa é lembrar que as pessoas podem fazer você se sentir mal porque estão desconfortáveis ​​com seu próprio relacionamento com a bebida, disse Annie.

Muitas vezes ajuda ter uma bebida não alcoólica na mão em eventos sociais, disse White, então a oferta de tomar uma bebida nem aparece.

Não exagere em após o desafio

Se você espera reduzir seus hábitos de beber ou melhorar sua saúde, é importante não entender o cruzamento da linha de chegada como a hora de exagerar, disse Natalie.

Reduzir drasticamente seu consumo ao longo desse tempo pode diminuir sua tolerância, e o que foi suficiente para uma tontura hoje pode resultar em um nível muito maior de intoxicação do que o esperado 30 dias depois, disse White.

Você também pode estar desfazendo as mudanças de hábito que construiu ao longo do mês, voltando a beber com intensidade quando terminar, acrescentou Annie.

“Em nossa sociedade, até mesmo dizer ‘quero fazer uma pausa’ é super corajoso”, disse ela. “Se você não mudar como se sente sobre isso, mas se esforçar o mês inteiro, torna-se uma síndrome do fruto proibido”.

Fonte: CNN Brasil